Metodologia da pesquisa-ação


Referência: THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1996. 107 p.

Citação com autor incluído no texto: Thiollent (1996)

Citação com autor não incluído no texto: (THIOLLENT, 1996)


Aqui estão respondidas as seguintes perguntas de acordo com a metodologia pesquisa-ação de Thiollent (1996):




=================================++=====================================


o que é Pesquisa-ação?
a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1996, p. 14).



o que é ação?
A ação corresponde ao que precisa ser feito (ou transformado) para realizar a solução de um determinado problema. (THIOLLENT, 1996, p. 70).





Quem é o principal ator na pesquisa-ação?
[...]o principal ator é quem faz ou quem está efetivamente interessado na ação. O pesquisador desempenha um papel auxiliar, ou de tipo “assessoramento”, embora haja situações nas quais os pesquisadores precisam assumir maior envolvimento e responsabilidade [...] (THIOLLENT, 1996, p. 70).





Qual a posição do pesquisador na pesquisa-ação?
a atitude dos pesquisadores é sempre uma atitude de “escuta” e de elucidação dos vários aspectos da situação, sem imposição unilateral de suas concepções próprias (THIOLLENT, 1996, p. 17).





Qual o objetivos da pesquisa-ação?
Objetivo prático: contribuir para o melhor equacionamento possível do problema considerado como central na pesquisa, com levantamento de soluções e proposta de ações correspondentes às “soluções” para auxiliar o agente (ou ator) na sua atividade transformadora da situação. É claro que este tipo de objetivo deve ser visto com “realismo”, isto é, sem exageros na definição das soluções alcançáveis. Nem todos os problemas têm soluções a curto prazo.
Objetivo de conhecimento: obter informações que seriam de difícil acesso por meio de outros procedimentos, aumentar nosso conhecimento de terminadas situações(reivindicações, representações, capacidade de ação ou de mobilização, etc.).  
A relação existente entre esses dois tipos de objetivos é variável. De forma geral, o objetivo da pesquisa-ação tem ênfase em três aspectos: resolução de problemas, tomada de consciência ou produção de conhecimento. Muitas vezes, a pesquisa-ação só consegue alcançar um ou outro desses três aspectos. E, se bem conduzida ela poderá alcançar os três simultaneamente.(THIOLLENT, 1996, p. 18).





Qual a posição do investigado e do investigador na pesquisa?
a pesquisa-ação não deixa de ser uma forma de experimentação em situação real, na qual os pesquisadores intervêm conscientemente. Os participantes não são reduzidos a cobaias e desempenham um papel ativo. Além disso, na pesquisa em situação real, as variáveis não são isoláveis. Todas elas interferem no que está sendo observado. Apesar disso, trata-se de uma forma de experimentação na qual os indivíduos  ou grupos mudam  alguns aspectos da situação pelas ações que decidiram aplicar. Da observação e da avaliação dessas ações, e também pela evidenciação dos obstáculos encontroados no caminho, há um ganho de informação a ser captado e restituído como elemento de conhecimento.(THIOLLENT, 1996, p. 21 e 22).





A pesquisa-ação é constituída só da ação ou participação?
a pesquisa-ação não é constituída só da ação ou pela participação, além disso é necessário “ produzir conhecimento, adquirir experiência, contribuir para a discussão ou fazer avançar o debate acerca das questões abordadas. Parte da informação gerada é divulgada, sob formas e por meios apropriados, no sei da população. Outra parte da informação, cotejada com resultados de pesquisas anteriores, é estruturada em conhecimentos. Este são divulgados pelos canais próprios às ciências sociais (revistas, congressos, etc.) e também por meio de canais próprios a esta linha de pesquisa.(THIOLLENT, 1996, p. 22).




Qual o papel da metodologia?
A metodologia é entendida como disciplina que se relaciona com a epistemologia ou a filosofia da ciência . Seu objetivo consiste em analisar as características dos vários métodos disponíveis, avaliar suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções e criticar os pressupostos ou as implicações de sua utilização…..
O papel da metodologia consiste também no controle detalhado de cada técnica auxiliar utilizada na pesquisa(THIOLLENT, 1996, p. 25 e 26).





Qual a forma de raciocínio e argumentação?
Na pesquisa-ação “as formas de raciocínio são muito flexíveis. Ninguém pretende enquadrá-las em rígidas regras formais. No entanto, tais formas de raciocínio não excluem recursos hipotéticos, inferenciais e comprobatórios e também incorporam componentes de tipo discursivo ou argumentativo a serem evidenciados.” (THIOLLENT, 1996, p. 27).





Como se dá a aceitação da argumentação por parte do Pesquisador?
O pesquisador não aceita qualquer argumento na elaboração das interpretações. Em particular, ele tem que criticar os argumentos contrários ao ideal científico (parcialidade, engano, etc.) e promover aqueles que fortalecem a objetividade e a racionalidade dos raciocínios, embora com flexibilidade. (THIOLLENT, 1996, p. 32).





Qual o esquema de fazer pesquisa?
Para Thiollent (1996) o esquema tradicional de fazer pesquisa tem como esquema:formulação de hipóteses, coleta de dados, comprovação (ou refutação) de hipóteses. Esse esquema não é aplicado nas situações sociais de caráter emergente, com aspectos de conscientização, aprendizagem, afetividade, criatividade, etc.. “A pesquisa-ação seria um procedimento diferente, capaz de explorar as situações e problemas  para os quis é difícil, senão impossível, formular hipóteses prévias e relacionadas com um pequeno número de variáveis precisas, isoláveis e quantificáveis. É o casa da pesquisa implicando interação de grupos sociais no qual se manifestam muitas variáveis imprecisas dentro de um contexto em permanente movimento.”(THIOLLENT, 1996, p. 33).





Como opera a pesquisa-ação?
Para Thiollent (1996) a pesquisa-ação não opera por hipóteses como no esquema tradicional de pesquisa, ela trata de “definir problemas de conhecimento ou de ação cujas possíveis soluções, num primeiro momento, são consideradas como suposições (quase-hipóteses) e, num segundo momento, objeto de verificação, discriminação e comprovação em função das situações constatadas.
[...] Sem abandonarmos o raciocínio hipotético, parece-nos perfeitamente cabível a formulação de quase-hipóteses dentro de um quadro de referência  diferente e principalmente qualitativo e argumentativo.” p.33 Desse ponto de vista, “ as hipóteses qualitativas orientam, em particular, a busca de informação pertinente e as argumentações necessárias para aumentar ( ou diminuir) o grau de certeza que podemos atribuir a elas. Isto não quer dizer que devamos cair no excesso oposto: existem hipóteses acerca de variáveis quantitativas a serem submetidas a testes estatísticos quando for julgado necessário.” p 35 [...] em conclusão, a ênfase dada aos procedimentos argumentativos não exclui os procedimentos quantitativos. Estes são necessários pra o “balizamento” dos problemas ou das soluções. O que é descartado é a pretensão “quantitativista” que alguns pesquisadores têm de “resolver” todas as questões metodológicas da pesquisa exclusivamente por meio de medições e números. (THIOLLENT, 1996, p. 36).








Qual a relação entre conhecimento e ação na pesquisa-ação?
Na pesquisa-ação a “relação entre conhecimento e ação está no centro da problemática metodológica da pesquisa social voltada para a ação coletiva”. Essa relação “exites tanto no campo do agir (ação social, política, jurídica, moral, etc.) quanto no campo do fazer (ação técnica).[...]
A relação entre pesquisa social e ação consiste em obter informações e conhecimentos selecionados em função de uma determinada ação de caráter social. A passagem do conhecer ao agir se reflete na estrutura do raciocínio, em particular matéria de transformação de proposições indicativas ou descritivas(por exemplo: “a situação está assim…”) em proposições normativas ou imperativas (“temos que fazer isto ou aquilo para alterar a situação”). Isto supõe que seja estabelecido algum tipo de relacionamento entre a descrição de fatos e normas de ação dirigida em função de uma ação sobre esses fatos, ou de uma transformação dos mesmo” (THIOLLENT, 1996, p. 40).





Quais os objetivos de conhecimento alcançáveis em pesquisa-ação?

  1. A coleta de informação de conhecimento original acerca de situações ou de atores em movimento.
  2. A concretização  de conhecimentos teóricos, obtida de modo dialogado na relação entre pesquisadores e membros representativos das situações ou problemas investigados.
  3. A comparação das representações próprias  aos vários  interlocutores, com aspectos de cotejo entre saber formal e saber informal acerca da resolução de diversas categorias de problemas.
  4. A produção de guias ou de regras práticas para resolver os problemas e planejar as correspondentes ações.
  5. Os ensinamentos positivos ou negativos quanto à conduta da ação e suas condições de êxito.
  6. Possíveis generalizações estabelecidas a partir de várias pesquisas semelhantes e com o aprimoramento da experiência dos pesquisadores. (THIOLLENT, 1996, p. 41).


O que acontece com a não-definição da transformação que a pesquisa-ação deve proporcionar ao grupo investigado?
A não-definição das transformações  permite ocultar  o real alcance da pesquisa-ação, frequentemente limitada aos efeitos sobre pequenos grupos, e alimentar ilusões sobre a transformação geral da sociedade em sentidos modernizador ou revolucionário.(THIOLLENT, 1996, p. 42).






Qual o alcance das transformações?
Na definição do real alcance da proposta transformadoras associada à pesquisa é necessário esclarecer cuidadosamente as possíveis  inter-relações entre os três níveis: grupos e indivíduos, instituições intermediárias, sociedade global. É preciso deixar de manter ilusões acerca de transformações da sociedade global quando se trata de um trabalho localizado ao nível de grupos de pequena dimensão, sobretudo quando são grupos desprovidos de poder. Além disso, já que se trata de transformar algo, é preciso ter uma visão dinâmica acerca do desenvolvimento da pesquisa no qual devem estar presentes considerações estratégicas e táticas para saber como alcançar os objetivos, superar ou contornar os obstáculos, neutralizar as reações adversas, etc..(THIOLLENT, 1996, p. 42).






Quando deve ser colocado a questão da ação transformadora?
A questão da ação transformadora deve ser colocada desde o início da pesquisa em termos realistas. Várias situações podem ser distinguidas:
A.              Quando os participantes possuem uma clara idéia dos objetivos e da ação necessária, o papel dos pesquisadores consiste essencialmente em assessorar as decisões correspondentes ao que for factível nas melhores condições e extrair da prática diversos ensinamentos.
B.              Quando se trata de uma ação de tipo técnico (autoconstrução, produção de um jornal, uso de um técnica agrícola, etc.), a ação é definida em função dos meios técnicos e econômicos necessários, em função do saber próprio dos usuários e do contexto social.
C.              Quando se trata de uma ação de caráter cultural, educacional ou político, os pesquisadores e participantes devem estar em condição de fazer uma avaliação realista dos objetivos e dos efeitos  e não ficarem satisfeitos  ao nível das declarações de intenção (como muitas vezes ocorre). O desenrolar e a avaliação  de uma ação cultural são talvez mais difusos  e menos evidentes do que no caso de atos técnicos bem definidos. (THIOLLENT, 1996, p. 42).







O que muda no sistema social?
O sistema social nunca é alterado duravelmente por pequenas modificações  ocorrendo na consciência de algumas dezenas ou centenas de pessoas. Não deve haver confusão a respeito do real alcance da pesquisa-ação quando é aplicada em campos de pequena ou média dimensão. (THIOLLENT, 1996, p. 43).





Quando as ações ganham objetividade?
[...] Quando as ações adquirem uma dimensão objetiva de fácil identificação (por exemplo: produção, manifestação coletiva, etc.), os resultados podem ser avaliados em termos tangíveis: quantidade produzida, número de pessoas mobilizadas, etc.. A ação é acoplada á esfera  dos fatores subjetivos e, portanto, faz-se mister distinguir vários graus  na tomada de consciência. De acordo com Paulo Freire, pelo menos duas noções devem ser distinguidas: tomada de consciência e conscientização. A primeira tem um alcance mais limitado do que a segunda. A tomada de consciência é freqüentemente limitada a uma “aproximação espontânea”, sem caráter crítico. A conscientização supõe um desenvolvimento crítico da tomada de consciência, permite desvelar a realidade, incide ao nível do conhecimento numa postura epistemológica definida e contém até elementos de utopia (Freire, 1980 e 1982). Todos esses aspectos merecem uma avaliação concreta. (THIOLLENT, 1996, p. 43).







Qual a função política e de valores da pesquisa-ação?
A função política da pesquisa-ação é intimamente relacionada com o tipo de ação proposta e os atores considerados. A investigação está valorativamente inserida numa política de transformação. p 43
Segundo o autor quando o grupo possui “ampla autonomia na conduta de suas ações, a pesquisa exerce a função de fortalecê-la. A produção de informação e a aplicação do conhecimento são orientadas para isso.”.(THIOLLENT, 1996, p. 43).

[...] Há também uma função de elucidação estratégica e tática na relação do ator com seus adversários, concorrentes ou aliados, incluindo a questão da fixação de metas e das prioridades no planos de ação(THIOLLENT, 1996, p. 44).

Quando a autonomia do grupo é fraca é necessário que haja uma negociação de ambas as partes para se estabelecer  um tipo de “contrato” de investigação acerca dos problemas a serem levantados e dos critérios  de seleção das soluções e ações a serem implementadas.  Os pesquisadores estão lidando com o problema de avaliar o que eles estão propondo e as implicações ao nível dos valores. (THIOLLENT, 1996, p. 44).




Quais as regras de deontológicas da pesquisa-ação?
todos os grupos interessados na situação ou nos problemas investigados devem ser consultados.
a pesquisa não pode ser feito à rivélia de uma das partes.
Cada parte tem o direito de parar a experiência  quando julgar que os objetivos da pesquisa, sobre os quais havia acordo, não são respeitados.
A avaliação dos resultados é efetuada pelos participantes e pelos pesquisadores. Os resultados são difundidos sem restrição.
Uma das partes não pode pretender se apoderar deles exclusivamente(THIOLLENT, 1996, p. 45).




Quando a pesquisa-ação é inovadora?
A pesquisa-ação é inovadora do ponto de vista científico somente quando é inovadora do ponto de vista sócio-político, isto quer dizer, quando tenta colocar o controle do saber nas mãos  dos grupos e da coletividade que expressão uma aprendizagem coletiva tanto na sua tomada de consciência  como no seu comprometimento com a ação coletiva. zuñiga, 1981, 35-34. (THIOLLENT, 1996, p. 45).



Quais são as fases da pesquisa-ação?
Na pesquisa-ação  não uma série de fases ordenas, pois elas dependem muito do contexto em que a pesquisa está sendo desenvolvidas, pode-se afirmar, segundo o autor, que de certo são só duas: exploratória e divulgação dos resultados. A primeira é o ponto inicial do estudo e a segunda é o ponto de chegada, sabe-se que nesse intervalo há uma multiplicidade de caminhos a serem escolhidos em função das circunstâncias. Contudo o autor apresenta 12 tarefas para contribuir com os pesquisadores que adentram nessa caminha, mas o autor deixa claro elas são maleáveis.

A.              fase exploratória: consiste em conhecer o campo de pesquisa, os interessados e suas expectativas e estabelecer um primeiro levantamento  da situação, dos problemas prioritários e eventuais ações. Trata-se de detectar apoios e resistências, convergências e divergências, posições otimistas e céticas, etc..[...] após o levantamento de todas as informações iniciais, os pesquisadores e participantes estabelecem os principais objetivos da pesquisa. Os objetivos dizem respeito aos problemas considerados como prioritários, ao campo de observação, aos atores e ao tipo de ação que estarão focalizados no processo de investigação.(THIOLLENT, 1996, p. 48 a 50).

B.              O tema da pesquisa: o tema da pesquisa é a designação do problema prático e da área do conhecimento a serem abordados. [...] De modo geral, o tema deve ser definido de modo simples e sugerir os problemas e o enfoque que serão selecionados. [...] a concretização do tema e seu desdobramento em problemas a serem detalhadamente pesquisados são realizados a partir de um processo de discussão com os participantes.
[...] Em geral  o tema é escolhido em função de um certo tipo de compromisso entre a equipe de pesquisadores e os elementos ativos da situação a ser investigada.
[...] Muitos autores consideram que são apenas as populações que determinam o tema. Outros dizem que há sempre uma adequação a ser estabelecida entre as expectativas da população e as da equipe de pesquisadores. A nosso ver deve haver entendimento. Um tema que não interessar a população não poderá ser tratado de modo participativo. Um tema que não interessar aos pesquisadores não será levado a sério e eles não desempenharão um papel eficiente. 
[...] Em geral  o tema é escolhido em função de um certo tipo de compromisso entre a equipe de pesquisadores e os elementos ativos da situação a ser investigada. [...] Muitos autores consideram que são apenas as populações que determinam o tema. Outros dizem que há sempre uma adequação a ser estabelecida entre as expectativas da população e as da equipe de pesquisadores. A nosso ver deve haver entendimento. Um tema que não interessar a população não poderá ser tratado de modo participativo. Um tema que não interessar aos pesquisadores não será levado a sério e eles não desempenharão um papel eficiente. (THIOLLENT, 1996, p. 51 e 52).

fase da colocação do problema: é a colocação do problema que se pretende resolver dentro de um certo campo teórico e prático.
[...] na pesquisa-ação, os problemas colocados são inicialmente de ordem prática. Trata-se  de procurar soluções para se chegar a alcançar um objetivo ou realizar um possível transformação dentro da situação observada. Na formulação, um problema desta natureza é colocado da seguinte forma:
a) análise e delimitação da situação inicial;
b) delineamento da situação final, em função de critérios de desejabilidade e de factibilidade;
c) identificação de todos os problemas a serem resolvidos para permitir a passagem de (a)  a (b);
d) planejamento das ações correspondentes;
e) execução e avaliação das ações.(THIOLLENT, 1996, p. 53 e 54).


 [...] O problema de transformação colocado como passagem de uma situação inicial apra uma situação final (ou desejada) é definido em função da estratégia ou dos interesses dos atores. (THIOLLENT, 1996, p. 54).



  1. O lugar da teoria: [...] No contexto das comunicações, não parece viável uma pesquisa sobre a recepção das mensagens por parte de determinada categorias de “público” se não houver uma teoria dos meios de comunicação.
    De modo geral, podemos  considerar que o projeto de pesquisa-ação precisa ser articulado dentro de uma problemática com um quadro de referência teórica adaptado aos diferentes setores: educação, organização, comunicação, saúde, trabalho, moradia, vida política e sindical, lazer, etc..O papel da teoria consiste em gerar idéias, hipóteses ou diretrizes pra orientar a pesquisa e as interpretações. 
    (THIOLLENT, 1996, p. 55).

D.              As hipóteses: é simplesmente definida como suposição formulada pelo pesquisador a respeito de possíveis soluções a um problema colocado na pesquisa, principalmente ao nível observacional.
Segundo o autor no contexto da pesquisa-ação  a formulação da hipótese não “se trata de querer mostrar que X determina Y”. Mas sim, que a “hipótese qualitativa é utilizada para organizar a pesquisa em torno de possíveis conexões ou implicações não -causais, mas suficientemente precisas para se estabelecer que X tem algo a ver com Y na situação considerada”.(THIOLLENT, 1996, p. 56).
 Em função das hipóteses ou diretrizes escolhidas, os pesquisadores e participantes sabem quais são as informações que são necessárias e as técnicas de coleta a serem utilizadas. Os dados levantados são computados de modo a mostrar a hipótese que tem maior sustentação empírica. Os resultados da pesquisa

E.              Os seminários: O papel dos seminários consiste em examinar, discutir e tomar decisões acerca do processo de investigação.
Segundo o autor os seminários, “para aplicarem  técnicas de pesquisa e de trabalho em grupos, dentro da proposta de pesquisação, é necessário um certo preparo didático”.
Segundo o autor os seminários, “para aplicarem  técnicas de pesquisa e de trabalho em grupos, dentro da proposta de pesquisação, é necessário um certo preparo didático”.(THIOLLENT, 1996, p.60).

F.               O campo da observação, amostragem e representatividade qualitativa: Em alguns casos, a delimitação empírica é relacionada com um quatro de atuação, como no caso de uma instituição, universitária, etc..
[...] Na pesquisa-ação a representatividade das pessoas e dos grupos significativos é julgada e a escolha é decidida ao nível do seminário central, a partir do consenso dos pesquisadores e participantes. 
[...] Na pesquisa-ação a representatividade das pessoas e dos grupos significativos é julgada e a escolha é decidida ao nível do seminário central, a partir do consenso dos pesquisadores e participantes. (THIOLLENT, 1996, p. 62).

G.              A coleta de dados: as principais técnicas utilizadas são a entrevista coletiva nos locais [...] e a entrevista individual aplicada de modo aprofundado.(THIOLLENT, 1996, p. 64).
 [...] os membros da coletividade, ou pelo menos alguns deles, chegam a exercer funções de pesquisador. O autor afirma, ainda, o uso dos recursos tradicionais, para coleta de dados: Questionário, diário de campo, etc.. Em especial o questionário, traz informações “sobre o universo considerado que serão analisadas e discutidas em reuniões e seminários com a participação de pessoas representativas.” Contudo nesses instrumentos as respostas nunca é suficiente. (THIOLLENT, 1996, p. 65).


H.              A aprendizagem: Na pesquisa-ação, uma capacidade de aprendizagem é associada ao processo de investigação.[...] O fato de associar pesquisa-ação e aprendizagem sem dúvida possui maior relevância na pesquisa educacional, mas é também válido nos outros casos.
As pesquisas em educação [...] acompanham ações de educar [...]. Os “atores” sempre de gerar, utilizar informações e também orientar a ação, tomar decisões, etc.. Isto faz parte tanto da atividade de planejamento quanto da atividade cotidiana e não pode deixar de ser diretamente observado na pesquisa-ação. As ações investigadas envolvem produção e circulação de informação, elucidação e tomada de decisões, e outros aspectos supondo uma capacidade de aprendizagem dos participantes.[...]
As pesquisas em educação [...] acompanham ações de educar [...]. Os “atores” sempre de gerar, utilizar informações e também orientar a ação, tomar decisões, etc.. Isto faz parte tanto da atividade de planejamento quanto da atividade cotidiana e não pode deixar de ser diretamente observado na pesquisa-ação. As ações investigadas envolvem produção e circulação de informação, elucidação e tomada de decisões, e outros aspectos supondo uma capacidade de aprendizagem dos participantes.[...] Nas condições peculiares da pesquisa-ação, essa capacidade é aproveitada e enriquecida em função das exigências da ação em torno da qual se desenrola a investigação. (THIOLLENT, 1996, p. 66).

I.                O saber formal/saber informal: Dentro da concepção da pesquisa-ação, o estudo da relação entre saber formal e saber informal visa estabelecer (ou melhorar) a estrutura de comunicação entre os dois universos culturais: o dos especialistas e o dos interessados. Para simplificar, incluímos entre os especialistas os técnicos e os pesquisadores. Em certos casos, quando é grande a distância  entre  técnicos  e pesquisadores, o problema é mais complicado quando existem diversas categorias de população, diversas categorias de pesquisadores e de outros especialistas envolvidos no assunto.
Para fins de exposição didática, vamos reduzir o problema a uma relação entre saber formal dos especialistas (dotado de certa capacidade de abstração) e saber informal, baseado na experiência concreta dos participantes comuns. Deixamos de lado o fato de que os especialistas também possuem saber informal e que os participantes “leigos” têm, freqüentemente, alguma faculdade de emitir hipótese ou de generalizar. Todavia, o fato é que existe o problema da diferença dos dois universos, que se manifesta em dificuldades de compreensão mútua.
O participante comum conhece os problemas e as situações nas quais está vivendo.[...] De modo geral, quando existem condições para sua expressão, o saber popular é rico, espontâneo, muito apropriado à situação local. Porém, sendo marcado por crenças e tradições, é insuficiente para que as pessoas  encarem rápidas transformações.
Por sua vez, o saber do especialista é sempre incompleto, não se aplica satisfatoriamente  a todas as situações. Para que isto aconteça, o especialista precisa estabelecer alguma forma de comunicação e de intercompreensão com os agentes do saber popular.
Para fins de exposição didática, vamos reduzir o problema a uma relação entre saber formal dos especialistas (dotado de certa capacidade de abstração) e saber informal, baseado na experiência concreta dos participantes comuns. Deixamos de lado o fato de que os especialistas também possuem saber informal e que os participantes “leigos” têm, freqüentemente, alguma faculdade de emitir hipótese ou de generalizar. Todavia, o fato é que existe o problema da diferença dos dois universos, que se manifesta em dificuldades de compreensão mútua. O participante comum conhece os problemas e as situações nas quais está vivendo.[...] De modo geral, quando existem condições para sua expressão, o saber popular é rico, espontâneo, muito apropriado à situação local. Porém, sendo marcado por crenças e tradições, é insuficiente para que as pessoas  encarem rápidas transformações. Por sua vez, o saber do especialista é sempre incompleto, não se aplica satisfatoriamente  a todas as situações. Para que isto aconteça, o especialista precisa estabelecer alguma forma de comunicação e de intercompreensão com os agentes do saber popular.(THIOLLENT, 1996, p. 66).


J.                O plano de ação: Segundo o autor para alcançar os objetivos, a “pesquisa-ação deve se concretizar  em alguma forma de ação planejada, objeto de análise, deliberação e avaliação”.(THIOLLENT, 1996, p. 69). O autor argumenta, ainda, que a formulação de um plano de ação constitui uma exigência fundamental da pesquisa-ação. Lembrando que aqui ação significa o “que precisa ser feito (ou transformado) para realizar a solução de um determinado problema. (THIOLLENT, 1996, p. 70),  logo, deve-se, obrigatoriamente, construir um plano. Mas plano é considerado um modelo sistemático que se elabora antes de realizar uma ação.  Podemos concluir que plano de ação é a construção de um modelo sistemático que se elabora antes e para realizar a solução de um determinado problema. Segundo o autor na pesquisa ação a elaboração do plano de ação consiste em definir  com precisão: a) Quem são os atores ou as unidades de intervenção? b) Como se relacionam os atores e as instituições: convergência, atributos, conflito aberto? c) Quem toma as decisões? d) Quais são os objetivos (ou metas) tangíveis da ação e os critérios de sua avaliação? e) Como dar continuidade à ação, apesar das dificuldades. f) Como assegurar a participação da população e incorporar suas sugestões?

K.              A divulgação externa: Acredito que o título mais correto seria “divulgação interna”, pois o autor vai discutir nesse ponto se é necessário ou não retornar ao local da pesquisa para comunicá-la aos participantes: “[...] O retorno é importante para estender o conhecimento e fortalecer  a convicção e não deve ser visto como simples efeito de “propaganda”. Trata-se de fazer conhecer os resultados de uma pesquisa que, por sua vez, poderá gerar reações e contribuir para a dinâmica da tomada de consciência e, eventualmente, sugerir o início de mais um ciclo de ação e de investigação. ”(THIOLLENT, 1996, p. 71).






Quando se desenvolve a tomada de consciência?
A tomada de consciência se desenvolve quando as pessoas descobrem que outras pessoas ou outros grupos vivem mais ou menos a mesma situação. (THIOLLENT, 1996, p. 72).





O que é problemática?
é o modo de colocação do problema de acordo com o marco teórico-conceitual adotado. (THIOLLENT, 1996, p.53).





O que é um problema?  
na clássica formulação de um problema, são relacionados pelo menos dois elementos. O problema diz respeito à relação entre um elemento real e um elemento explicativo inadequado ou à relação entre dois elementos explicativo concorrentes do mesmo fato. (THIOLLENT, 1996, p. 53).






Category: 0 comentários

0 comentários:

Postar um comentário